Guia Completo: RTOS e FreeRTOS em Microcontroladores PIC

Neste tutorial, exploraremos sistemas operacionais de tempo real (RTOS) aplicados aos microcontroladores PICPrimeiros Passos com PIC: Entendendo o Microcontrolador e suas VersõesPrimeiros Passos com PIC: Entendendo o Microcontrolador e suas VersõesAprenda sobre microcontroladores PIC com este guia completo. Conheça a teoria, as práticas de otimização e casos reais para aplicações embarcadas de sucesso., com ênfase em FreeRTOS e em outras soluções possíveis. O objetivo é apresentar os principais conceitos, vantagens e desafios ao empregar um RTOS em projetos que envolvem um ou mais PICsEvolução dos PIC: Tendências, Desafios e Perspectivas FuturasEvolução dos PIC: Tendências, Desafios e Perspectivas FuturasDescubra a evolução dos microcontroladores PIC, desde os modelos 8 bits até as avançadas soluções de 32 bits, destacando tendências e desafios..

Visão Geral de um RTOS🔗

Um RTOS (Real-Time Operating System) é um sistema operacional especializado no tratamento e escalonamento de tarefas de forma determinística. Em resumo, o RTOS gerencia:

Em microcontroladores como os PIC, normalmente lidamos com recursos limitados de memóriaMigrando de PIC16/PIC18 para PIC24/PIC32: Principais Diferenças e ConsideraçõesMigrando de PIC16/PIC18 para PIC24/PIC32: Principais Diferenças e ConsideraçõesDescubra como migrar de PIC16/PIC18 para PIC24/PIC32, explorando diferenças em arquitetura, memória, compiladores e interrupções para otimizar seu projeto. e capacidade de processamento. Nesse cenário, um RTOS bem projetado e configurado pode trazer maior organização ao código, facilitando a manutenção e escalabilidade do projeto, sem comprometer o desempenho em aplicações de tempo crítico.

Por que Usar um RTOS em um PIC?🔗

Apesar de muitos projetos com PICExemplos Práticos em Assembly: Quando Vale a Pena Programar em Baixo NívelExemplos Práticos em Assembly: Quando Vale a Pena Programar em Baixo NívelExplore como a programação Assembly em PIC maximiza controle de hardware com alta eficiência, ideal para sistemas críticos e dispositivos de baixa energia. serem monotarefa ou baseados em loop infinito (polling), há vantagens em adotar um RTOS:

1. Divisão Lógica de Funções: Em vez de um único loop que coordena tudo, cada funcionalidade pode ser alocada em uma “tarefa” separada, facilitando o desenvolvimento e a leitura do código.

2. Priorização de Tarefas: Nem todas as tarefas têm a mesma importância. Um RTOS permite atribuir prioridades, garantindo que atividades críticas sejam executadas em tempo adequado.

3. Sincronização Simplificada: Recursos como semáforos, mutexes e filas ajudam a organizar o acesso compartilhado entre tarefas, reduzindo erros de concorrência.

4. Escalonamento Determinístico: Para aplicações de tempo real, é crucial que certos eventos sejam atendidos em prazos rigorosos. Um RTOS bem configurado pode atender esses requisitos.

5. Facilidade de Expansão: Conforme o projeto evolui, adicionar tarefas pode ser mais simples do que inglobá-las em um loop já existente.

Introdução ao FreeRTOS🔗

O FreeRTOS é uma das soluções mais populares e open-source para projetos embarcados. Ele é conhecido por:

Requisitos de Memória e Configuração

Para usar o FreeRTOS em microcontroladores PICPrimeiros Passos com PIC: Entendendo o Microcontrolador e suas VersõesPrimeiros Passos com PIC: Entendendo o Microcontrolador e suas VersõesAprenda sobre microcontroladores PIC com este guia completo. Conheça a teoria, as práticas de otimização e casos reais para aplicações embarcadas de sucesso. com recursos mais modestos (por exemplo, algumas famílias de PIC16/PIC18), é necessário avaliar a memória RAM/Flash disponível. Geralmente, módulos de RTOS podem demandar desde uns poucos kilobytes até dezenas, dependendo da quantidade de tarefas e do uso de filas ou semáforos.

A configuração do tick timerImplementando Timers e Contadores: Criação de Delays e Frequências de SaídaImplementando Timers e Contadores: Criação de Delays e Frequências de SaídaAprenda a configurar microcontroladores PIC com técnicas avançadas de timers, PWM e temporizadores, garantindo precisão e performance em sistemas embarcados. (ou seja, a base de tempo do RTOS) pode ser feita por meio de um timer do PIC em modo de interrupçãoInterrupções (Interrupts) em PIC: Conceitos, Configuração e ExemplosInterrupções (Interrupts) em PIC: Conceitos, Configuração e ExemplosAprenda os segredos das interrupções em sistemas PIC. Domine técnicas avançadas, gestão de múltiplas interrupções e otimização para desempenho crítico. periódica. A frequência do tick deve ser cuidadosamente escolhida para balancear responsividade e consumo de CPU.

Estrutura Básica de um Projeto com FreeRTOS🔗

A arquiteturaComparação entre Famílias PIC12, PIC16 e PIC18: Escolhendo a IdealComparação entre Famílias PIC12, PIC16 e PIC18: Escolhendo a IdealEste guia detalhado analisa arquiteturas, desempenho e aplicações dos microcontroladores PIC12, PIC16 e PIC18, auxiliando em escolhas técnicas e econômicas. de um projeto FreeRTOS segue alguns passos principais:

1. Configuração do Clock e FusesConfiguração de Fuses e Clock no Microcontrolador PICConfiguração de Fuses e Clock no Microcontrolador PICAprenda a configurar fuses e definir o clock em PIC para otimizar desempenho e segurança, garantindo confiabilidade no seu projeto.: Ajustar as configurações do PICExemplos Práticos em Assembly: Quando Vale a Pena Programar em Baixo NívelExemplos Práticos em Assembly: Quando Vale a Pena Programar em Baixo NívelExplore como a programação Assembly em PIC maximiza controle de hardware com alta eficiência, ideal para sistemas críticos e dispositivos de baixa energia., definindo a frequência de operação e demais parâmetros.

2. Inicialização do Hardware: Configurar GPIOs, módulos de comunicação e periféricosEntendendo a Arquitetura dos PIC: Memória, Registradores e PeriféricosEntendendo a Arquitetura dos PIC: Memória, Registradores e PeriféricosDescubra conceitos essenciais de arquitetura Harvard, memória, registradores e periféricos dos microcontroladores PIC para projetos eficientes. necessários antes de iniciar o RTOS.

3. Criação das Tarefas (Tasks): Cada tarefa deve ser escrita como uma função do tipo:

void vMinhaTarefa(void *pvParameters)
{
    for(;;)
    {
        // Código da tarefa
        // ...
        vTaskDelay(100 / portTICK_PERIOD_MS);
    }
}

4. Configuração de Pilhas (Stacks): Definir o tamanho da pilha para cada tarefa, considerando profundidade de chamadas e variáveis locais.

5. Criação de Filas e Semáforos: Caso seja necessário trocar dados entre tarefas ou sincronizá-las, é comum criar filas (queues) e semáforos.

6. Início do Agendador (Scheduler): Por fim, chama-se a função de inicialização do FreeRTOS:

int main(void)
{
    // Configurações iniciais do hardware ...
    xTaskCreate(vMinhaTarefa, "Tarefa1", 128, NULL, 1, NULL);
    // Pode criar outras tarefas aqui ...
    // Inicia o agendador
    vTaskStartScheduler();
    // Se chegar aqui, houve falha no agendador
    for(;;);
}

Gerenciamento de Tarefas e Temporização🔗

Escalonamento

O FreeRTOS utiliza diversos algoritmos possíveis de escalonamento, mas o mais comum é Prioridade Fixa com Preempção. Em essência, a tarefa de maior prioridade pronta para executar será sempre escolhida primeiro.

Uso de vTaskDelay()

O comando vTaskDelay() permite que a tarefa pause por uma quantidade de ticks do RTOS, liberando a CPU para outras tarefas. Por exemplo:

vTaskDelay(100 / portTICK_PERIOD_MS);

Significa que a tarefa ficará inativa por aproximadamente 100 ms, considerando a configuração do tick.

Temporizadores (Timers de Software)

O FreeRTOS disponibiliza timersImplementando Timers e Contadores: Criação de Delays e Frequências de SaídaImplementando Timers e Contadores: Criação de Delays e Frequências de SaídaAprenda a configurar microcontroladores PIC com técnicas avançadas de timers, PWM e temporizadores, garantindo precisão e performance em sistemas embarcados. de software, que são úteis para executar rotinas periódicas sem criar várias tarefas distintas. Eles funcionam como callbacks chamados pelo kernel do RTOS quando o tempo configurado expira.

Sincronização e Comunicação entre Tarefas🔗

Para garantir que apenas uma tarefa acesse determinado recurso de cada vez, podemos usar semáforos ou mutexes. Já para troca de dados, as filas (queues) são práticas, permitindo escrever em uma ponta e ler na outra de forma thread-safe.

Uma boa prática é sempre verificar o tempo de bloqueio e o tempo máximo de espera (timeout) desses mecanismos de sincronização para evitar deadlocks ou congelamentos inesperados da aplicação.

Outras Soluções de RTOS🔗

Além do FreeRTOS, existem alternativas que podem ser avaliadas conforme os requisitos do seu projeto:

A escolha dependerá de fatores como disponibilidade de memóriaMigrando de PIC16/PIC18 para PIC24/PIC32: Principais Diferenças e ConsideraçõesMigrando de PIC16/PIC18 para PIC24/PIC32: Principais Diferenças e ConsideraçõesDescubra como migrar de PIC16/PIC18 para PIC24/PIC32, explorando diferenças em arquitetura, memória, compiladores e interrupções para otimizar seu projeto., licenciamento, recursos de depuraçãoUso das Portas I/O: Controlando LEDs, Displays e SensoresUso das Portas I/O: Controlando LEDs, Displays e SensoresAprenda a configurar portas, CDs, LEDs, displays, ADC e muito mais em sistemas PIC, com dicas de segurança, depuração e integração de sensores. e suporte para a família PICExemplos Práticos em Assembly: Quando Vale a Pena Programar em Baixo NívelExemplos Práticos em Assembly: Quando Vale a Pena Programar em Baixo NívelExplore como a programação Assembly em PIC maximiza controle de hardware com alta eficiência, ideal para sistemas críticos e dispositivos de baixa energia. em uso.

Exemplo Simplificado de Fluxo de Execução🔗

Para ilustrar como o FreeRTOS alterna entre tarefas, segue um diagrama rápido de timeline das tarefas. Suponhamos que temos três tarefas de diferentes prioridades:

gantt dateFormat HH:mm axisFormat %M:%S section Tarefa de Alta Prioridade Execução: a1, 00:00, 5s Concluída: a2, 05:00, 1s section Tarefa de Média Prioridade Em Espera: b1, 00:00, 2s Execução: b2, 02:00, 3s section Tarefa de Baixa Prioridade Execução: c1, 00:00, 2s Bloqueada: c2, 02:00, 2s Continuação: c3, 05:00, 1s

No exemplo acima:

  • A Tarefa de Alta Prioridade (azul) executa imediatamente ao ser disparada e preempte as outras quando precisa rodar.
  • A Tarefa de Média Prioridade (verde) aguarda recursos e executa quando não há tarefa de maior prioridade pronta.
  • A Tarefa de Baixa Prioridade (laranja) fica parada quando ocorre uma preempção por tarefas de maior prioridade, retomando somente quando há tempo livre na CPU.

Esse modelo simplificado mostra como o RTOS faz a alternância de forma mais transparente do que ficar constantemente checando flags em um loop convencional.

Desafios e Boas Práticas🔗

Conclusão🔗

O uso de um RTOS em projetos com microcontroladores PICPrimeiros Passos com PIC: Entendendo o Microcontrolador e suas VersõesPrimeiros Passos com PIC: Entendendo o Microcontrolador e suas VersõesAprenda sobre microcontroladores PIC com este guia completo. Conheça a teoria, as práticas de otimização e casos reais para aplicações embarcadas de sucesso. pode trazer organização, escalabilidade e determinismo. O FreeRTOS se destaca como uma solução madura e versátil, suportada por uma comunidade ativa, mas há outras opções disponíveis. A decisão de adotar ou não um RTOS envolve uma análise cuidadosa dos recursos de hardware, características de tempo real necessárias e complexidade do projeto.

O fundamental é equilibrar a facilidade de desenvolvimento com a economia de recursos - algo que um RTOS pode oferecer de forma eficiente, desde que configurado e utilizado com as melhores práticas.

Autor: Marcelo V. Souza - Engenheiro de Sistemas e Entusiasta em IoT e Desenvolvimento de Software, com foco em inovação tecnológica.

Referências🔗

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